segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sonho ou realidade?

Em passos leves, quase que flutuantes, adentrei o castelo. Castiçais dourados e cortinas vermelhas faziam parte da decoração do salão principal. Ouvi uma música suave e automaticamente fui levada pelo som, até deparar-me com uma sala sombria, luxuosa e misteriosa. Não entrei. Contentei-me em apreciar a melodia por detrás da porta, temendo uma aproximação maior. Com os olhos fixos em apenas uma fresta, pude ver um distinto homem ao piano. A postura digna de um lord e a habilidade com que seus dedos passeavam pelas teclas do instrumento, despertaram em mim uma admiração hipnotizante. Aquela música me chamava e, sentindo-a invadir cada pedaço do meu ser, fechei os olhos e me deixei levar, sem medo. Ao abrir os olhos, me dei conta que estava no meio da sala, dançando. Senti-me envergonhada por um momento e decidi sair antes de ser notada pelo misterioso homem mas, ao recuar o primeiro passo, fui surpreendida pela voz mais majestosa que já tinha ouvido.

“Fique exatamente onde está!”

Um frio extremo invadiu o local e eu, mesmo se quisesse, não conseguiria mover um músculo sequer. Ele, por sua vez, levantou-se e foi se aproximando devagar, com os olhos fixos em mim. Um medo estranho foi tomando conta da minha alma e o estado de transe em que eu me encontrava, fazia de mim prisioneira daquele momento.

Ao chegar bem perto de mim, ele estendeu uma das mãos, convidando-me para dançar. Percebi, então, que a música continuava, mesmo depois dele ter se levantado do piano. Aceitei o convite, embora estivesse dominada pelo medo. Os olhos dele eram vermelhos e hipnotizantes. Sua pele era fria como o gelo, mas seu toque de alguma forma me acalentava suavemente. Aos poucos fui relaxando e, à medida que ele me conduzia pelo salão, fui sentindo-me leve como uma pluma ao vento. Fechei os olhos e pude sentir meu corpo flutuar. Tudo parecia mágico, irreal, encantado... e eu estava adorando cada sensação proporcionada.

Sem dúvida aquele era o momento mais sublime da minha vida e, por um instante, eu desejei do fundo da minha alma que ele fosse eterno. Fechei os olhos, numa entrega total e, naquele mesmo instante, senti toda energia do meu corpo sendo sugada. Não desfaleci completamente, mas fiquei tão fraca que mal podia suportar o peso do meu próprio corpo. Era como se o corpo estivesse morto, mas a alma estivesse ali, vendo tudo de fora. Ele me conduziu em seus braços até uma espécie de sofá que havia naquela sala. Ficou me olhando durante um tempo e depois beijou-me o rosto, acariciando-o. Em seguida, se afastou deixando uma rosa negra ao meu lado. Eu queria poder reagir e dar um sorriso em agradecimento, mas não consegui. Ele foi se afastando aos poucos e eu fui caindo em sono profundo.

Não sei quanto tempo dormi, mas acordei num sofá velho, numa sala empoeirada, cheia de móveis antigos cobertos por lençóis. Ao final da sala, um piano descoberto chamou a minha atenção. Antes de me levantar, notei que ao meu lado havia uma linda rosa negra. Dei um singelo sorriso e saí pela porta, carregando comigo a rosa.

2 comentários: