sábado, 27 de fevereiro de 2010

Darkness IX - Amor Eterno


Na noite seguinte, Sara saiu novamente pela floresta a fim de encontrar Herus. Não podia mais ficar um segundo longe de seu amor e, embora já tivesse sido advertida dos perigos da floresta, não tinha o menor medo de sair a procurá-lo. Foi andando devagar por entre as árvores até encontrá-lo solitário e pensativo recostado em uma delas.
- Herus!
- Sara! O que faz aqui?
- Estava te procurando, pois senti saudades.
- Já falei que não deveria andar sozinha pela floresta.
- Não tenho medo, meu amor. Quando se trata deste amor que sinto por você, sinto-me forte para enfrentar qualquer coisa, inclusive os perigos da floresta.
Herus deu um sorriso triste e acariciou suavemente o rosto de sua amada e, em seguida, deu-lhe um abraço forte. Ao afastar-se do abraço, ainda segurando suas mãos, ele disse:
- Querida, fico contente em saber que és corajosa, mas sinto dizer que está chegando minha hora.
- Como assim, meu amor? - perguntou desnorteada.
- Preciso seguir rumo à minha condenação e, para isso, terei que te deixar. Mas não ficará desamparada, pois o Ser que está acima de mim cuidará de você e lhe ensinará tudo o que precisa aprender nesta sua nova fase.
- Não estou gostando desta conversa. Que tipo de condenação é esta? - Sara perguntou começando a derramar lágrimas pelo rosto.
- Sara, eu sou um anjo e fui designado para te proteger, te guardar e te dar uma nova vida, caso você aceitasse morrer para tudo que existisse antes. Acho que cumpri bem o meu papel, porém cometi o maior erro que uma criatura como eu poderia cometer. Eu me apaixonei por você.
- Você não poderia se apaixonar por mim?
- De forma alguma, querida. Eu sempre pude todas as coisas, sempre tive muito poder em minhas mãos, porém jamais poderia ter tocado meus frios lábios nos lábios ainda quentes de minha protegida.
- Então quer dizer que você é um anjo e não um vampiro?
- Sim, eu não sou um vampiro. Sou Herus, o Anjo das Trevas. E não se preocupe, meu amor, pois você não se transformou numa vampira, embora faça parte do mundo obscuro dos anjos da escuridão agora.
- E qual será seu castigo por ter me beijado?
- Fui condenado a passar a eternidade no Vale das Sombras, o único lugar que nós, os imortais, tememos.
Sara o abraçou bem forte, chorando. Não queria largá-lo de forma alguma e, ao mesmo tempo que sentia uma dor enorme no peito por ter que se separar do seu amado, tinha raiva dele.
- Herus, se você sabia que receberia este tipo de castigo por me beijar, por que deixou que acontecesse? Você poderia ter evitado!
- Meu amor, eu prefiro ficar sozinho num vale sombrio por toda a eternidade do que ter que viver eternamente sem ter você pelo menos por uma vez. Beijar você, tocar você e sentir este amor tão puro vale mais do que qualquer coisa e, se o preço a pagar é tal condenação, que seja. Pelo menos cada dia solitário que irei passar naquele vale eu me lembrarei de ti e do quanto este amor valeu a pena.
Sara baixou a cabeça e pareceu entender que tudo realmente tinha valido a pena. Abraçou novamente seu amado numa despedida dolorosa e emocionante. Ao afastar-se, pôde ver a capa preta dele caindo no chão, deixando expostas as negras asas que ficavam por baixo dela. Naquele mesmo instante, Herus foi levado para o Vale das Sombras pelas criaturas da escuridão, deixando no chão para sua amada apenas uma rosa vermelha, não mais em botão. Sara seguiu para seu quarto escuro, e quando lá chegou, o espelho que ganhou de presente não mais estava quebrado, permitindo que ela visse seu reflexo perfeito e não mais uma imagem distorcida na escuridão.
E eles não viveram felizes para sempre, mas viveram cada momento de um amor que valeu por toda uma eternidade.
********** FIM **********


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