segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Darkness VI - Ainda mortal?

Quando acordou, Sara já estava novamente no quarto. Lembrava-se vagamente que tinha saído pela floresta a procura de Herus, porém não sabia que havia sido beijada por ele enquanto dormia. Embora não tivesse idéia de como tinha voltado, pôde sentir algo estranho dentro de si. Sua pele estava gelada e seu coração batia de maneira descompassada. Sentia um gosto estranho nos lábios, mas não sabia identificar o que era. Percebeu que há tempos não se alimentava, porém também não sentia fome. A única necessidade que sentia era a de estar junto daquele que, aos poucos, conquistou seu coração, aquele que a fez mergulhar na escuridão prá descobrir o verdadeiro sentido de tudo. Já não sentia fraqueza, nem dores.

No silêncio, eis que ele apareceu na escuridão com sua capa preta. O coração de Sara bateu mais forte ainda, parecendo saltar pela boca. Era nítido o amor naquele momento e, por impulso, ela o abraçou. Ele, por sua vez, retribuiu o abraço docemente.

- Não deveria sair pela floresta sozinha à noite, minha querida. Ela está cheia de criaturas que podem machucar você.
- Eu estava a sua procura, senti sua falta e não tive medo de sair.
- O medo às vezes é necessário, mas orgulho-me da sua coragem.
- Foi você que me trouxe de volta? Acho que eu não saberia voltar sozinha. Andei demais e acabei adormecendo.
- O importante é que você está aqui em segurança.
- É impressionante como suas respostas são complicadas. Basta responder sim ou não, mas você insiste em complicar. Os vampiros são sempre assim? - Sara falou meio irritada.
- Em primeiro lugar, nunca te disse que sou um vampiro e, em segundo lugar, não tenho o dever de responder suas perguntas que são muito incovenientes por sinal. Se quiser compartilhar sua vida ou sua morte comigo, terá que controlar sua curiosidade.
- Você nunca disse ser um vampiro, mas também nunca negou. Se bem que eu já vi seu reflexo naquele espelho quebrado e, pelo que me consta, a imagem dos vampiros não é refletida nos espelhos. Mas humano eu sei que você não é.

Um riso sarcástico tomou conta do lugar. Sara sentiu-se envergonhada e Herus disse:

- Devo desconsiderar estas palavras, pobre mortal, para o seu próprio bem. E, por falar em mortalidade, achas realmente que ainda és mortal? Não tens sentido-se diferente? Qualquer mortal estaria literalmente morto depois de tantos dias sem comer ou beber, minha querida.

Sara admitiu que ele tinha razão e já não estava tão certa se ainda fazia parte do mundo dos mortais.

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